Futebol e Sociedade
O futebol surge na Inglaterra, supostamente como uma prática esportiva que se desdobrava do rugby. O esporte era jogado nas chamadas “Public Schools” e rapidamente difundiu pelo país. No Brasil, um dos entusiastas do esporte certamente foi Charles Miller. Contudo é difícil afirmar que o futebol chegou ao Brasil somente pelas suas mãos, afinal de contas, existem indícios de que o esporte já era realizado por outras pessoas na cidade de São Paulo: estudantes, marinheiros… Isso obviamente não tira o mérito desse e de outros nomes importantes (Oscar Cox no Rio e Vitor Serpa em Belo Horizonte) , apenas mostra como a história dessa de outras práticas corporais são múltiplas. Livros como “A Dança dos Deuses” de Hilário Franco Júnior e “Footballmania” de Leonardo Afonso de Miranda Pereira são fontes interessantes para um entendimento desse momento.
O futebol é certamente uma das modalidades esportivas mais subestimadas. Obviamente existem motivos para tal observação. Afinal de contas a copa do mundo realizada na África do Sul teve seu gueto reinventado, como podemos ver nessa reportagem da ESPN Brasil.
O futebol é um fenômeno cultural. Ou seja, pode ser tratado como espaço de tortura, como aconteceu no Chile com o Estádio Nacional, espaço utilizado para tortura e execução de opositores ao regime liderado por Augusto Pinochet. (aliás, um convite interessante é o documentário também construído pela ESPN, “memórias do Chumbo — O Futebol nos Tempos do Condor”)
Contudo esse mesmo fenômeno deu para nossa sociedade um interessante presente: a democracia corinthiana. Esse movimento realizado entre todos os envolvidos na vida do time de São Paulo, viveram em um espaço amplamente democrático, com uma liberdade não vista na sociedade brasileira, que ainda vivia em uma ditadura.
O futebol possui diferentes aspectos que dialogam diretamente com a vida: As questões de raça, gênero e classe.
É importante ressaltar que o futebol, mesmo sendo um espaço em que negros e negras ocupam de forma considerável, ainda é amplamente reativo a suas presenças em outros lugares: nos cargos diretivos, como presidência, direção e ainda os cargos de técnico. Esses cargos, tido como de confiança e de prestigio sempre esteve ligado a homens brancos. Uma fonte importante parece ser o texto de Breiller Pires, que pode ser consultado aqui.
Segundo está no grande tabu do futebol. A incapacidade de aceitar membros da comunidade LGBTQI+ nos clubes de futebol. Entre os homens a aceitação, nos quadros dos clubes, de jogadores que não são heterossexuais é uma realidade, sobretudo algo que notado como um elefante branco e seguimos não tocando no tema. A história de Justin Fashanu é uma das mais famosas. O então jogador inglês, promissor entre os jovens jogadores, não foi aceito nem mesmo entre seus familiares quando assumiu ser homossexual. Justin acabou suicidando e o caso ainda segue sendo grande tabu no futebol internacional. Uma importante publicação pode ser consultada aqui. No futebol existem alguns indícios de que a aceitação é maior. Mas, fica a pergunta a aceitação de jogadoras homossexuais, por exemplo, acontecesse pela inserção, ou pelo fetiche criado por homens heterossexuais? Fica a pergunta. Mas o importante é notar que mulheres assumem seus amores, como podemos ver nesse texto aqui.
Ainda entre mulheres podemos notar a grande dificuldade na prática do futebol. Primeiramente, vale lembrar que a modalidade chegou a ser proibida para mulheres entre os anos de 1941 e o início da década de 80. Vale uma rápida leitura da lei que proibia a prática de futebol e outros esportes que supostamente não eram compatíveis a “natureza da mulher”.
“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país” decreto-lei 3.199 de 14 de abril de 1941.
O decreto não impediu que mulheres se organizassem, mas é um importante sinal da história do futebol em nosso país. Outros obstáculos foram encontrados pelas jogadoras, como podemos encontrar na reportagem:
Outra contradição do futebol está no processo de elitização. O aumento nos preços dos ingressos nos estádios de futebol pelo Brasil, principalmente com o processo de construção das arenas de futebol, estádios que tiraram espaços importantes como a geral, o espaço mais barato, que agregava torcedores e torcedoras mais pobres. Esse debate está em curso, novas reflexões são realizadas, não só para mostrar que as pessoas humildes não estão nos estádios, mas também para dizer que existe todo um movimento de questionamento e resistência.
um documentário interessante para iniciar esse debate é o “Adeus Geral”, que pode ser visto logo abaixo:
O futebol possui uma relação ampla com a sociedade em que se insere. Qual a relação mais chamou a sua atenção? Produza um texto, usando qualquer um dos textos e vídeos que estão nesse texto.
Abraços!
